A construção do Museu das Remoções contou com a participação de alunos da graduação de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Anhanguera, sob a coordenação da professora, arquiteta e urbanista Diana Bogado.
Entre abril e maio de 2016, os estudantes construíram sete esculturas, feitas a partir de escombros. Cada peça representava um lugar significativo que havia passado por remoção. A escolha foi feita a partir de oficinas de memória realizadas com moradores, ex-moradores e apoiadores da Vila Autódromo.
DESTINO DAS ESCULTURAS
Com a comunidade sendo usada como um grande canteiro de obras do Parque Olímpico – uma das estratégias usadas para pressionar os moradores e obrigar as famílias que resistiam a aceitar a proposta da Prefeitura do Rio de Janeiro -, a escultura de “Suporte dos Males” e parte da escultura “Espaço Ocupa e Casa da Dona Conceição” foram destruídas por tratores.
Os moradores da Vila Autódromo, em constante diálogo com funcionários da obra sobre a importância do acervo de esculturas, tentavam garantir a salvaguarda do material. Com o entendimento sobre o trabalho do Museu das Remoções, os trabalhadores passaram a avisar quando precisariam de um espaço específico e, desta forma, as esculturas eram trocadas de lugar no território.
Pelo uso de restos de materiais, com pouca possibilidade de conservação a longo prazo, as esculturas do “Vila de Todos os Santos” e “A luz que não se apaga” acabaram não resistindo às condições climáticas.
Confira abaixo mais informações sobre os conceitos e autores de cada peça:
1 – “Vila de Todos os Santos”: em homenagem ao centro de candomblé existente na comunidade. Peça elaborada pelo estudante Pedro Nunes.
2 – “Penha de muitas faces”: escultura em homenagem à casa da Dona Maria da Penha Macena, elaborada pelo estudante Diego Goulart. A peça faz referência à remoção de Dona Penha no Dia Internacional da Mulher.
3 – “Suporte dos males”: escultura em homenagem à Dona Jane Nascimento, criada pela estudante Gisele Quintanilha. A escultura recorda o protagonismo da Dona Jane nas lutas sociais da Vila Autódromo.
4 – “A luz que não se apaga”: única escultura que se relaciona a uma edificação que não foi removida – a Igreja São José Operário. A obra criada pelos alunos Elisângela Bueno e Marcos Oliveira traz elementos que aludem à ideia de acolhimento.
5 – “Doce infância”: escultura em homenagem ao Parquinho feita por Marcos Oliveira e Ana Angélica.
6 – “Espaço Ocupa e Casa da Dona Conceição”: escultura elaborada por Arianna de Souza Alves. O colorido da peça faz referência às festas que ocorreram no chamado Espaço Ocupa. Dona Conceição Queiroz, que era vizinha do local, tinha um papel muito acolhedor no eventos culturais da comunidade.
7 – “A Associação sou eu”: escultura em homenagem à Associação dos Moradores, feita pelos estudantes Tiago Guedes e Geisler Benevuto. A escultura traz elementos que estavam na Associação e seu título faz referência a uma frase usada pela comunidade quando o espaço foi removido.